nota do editor: Estou muito feliz com uma nova "escritora " e parceira escrevendo junto comigo aqui neste blog que eu a um tempo atrás iniciei. São muitos acessos, muitos contatos, muita gente que conheci e conheço graças à ele. Daniela é minha amiga e nova colaboradora do blog deste post em diante. Psicóloga do Esporte, trará para vocês leitores do H & F Support temas referentes aos fatores psicológicos relacionados com a prática esportiva e esporte de alto desempenho. Alêm de opinar, escrever e palpitar sobre o que bem intender aqui no blog... Que agora passa a ser dela tambêm. Seja bem vinda Dani e espero que vocês leitores apreciem (com ou sem moderação !), gostem, opinem e questionem... Eu já fiz tudo isso !
Por Daniela Arroyo Esquivel
As principais causas de lesões no esporte em geral ocorrem devido a fatores físicos, como desequilíbrios musculares, traumas ortopédicos, treinamento excessivo e fadiga física. Contudo os fatores psicológicos parecem desempenhar um papel importante nessa área.
Características de personalidade, níveis de estresse e certos tipos de comportamentos e atitudes predisponentes foram identificados como antecedentes psicológicos à lesões esportivas.
Em geral atletas e praticantes do esporte quando lesionados apresentam diversas reações psicológicas, e que podem ser enquadradas em três categorias:
1) Processamento de informação relevante à lesão: a dor em si, consciência da extensão da lesão, reconhece as conseqüências negativas ou a inconveniência;
2) Revolução emocional ou comportamento reativo: percebendo que está lesado poderá experimentar emoções oscilantes, sentir medo, descrença, negação ou pena de si mesmo.
3) Perspectiva positiva e controle: aceita e passa a lidar com a lesão. Passa a apresentar atitudes mais otimistas e começar a se sentir aliviado ao perceber progressos em seu tratamento.
Outras reações psicológicas podemos encontrar: perda da identidade (quando não podem mais praticar seu esporte e não se reconhece mais); medo; ansiedade; falta de confiança; diminuição do desempenho devido a baixa auto-confiança e auto-estima.
As reações acima mencionadas são esperadas para qualquer esportista, contudo podem ocorrer sinais de uma má adaptação à lesão. Estes sinais precisam ser identificados e posteriormente tratados por especialistas, pois podem desenvolver dificuldades e problemas emocionais graves. São eles: sentimentos de raiva e confusão; obsessão com a questão de quando poderá voltar a se exercita; negação afirmando por exemplo que “a lesão não é grande coisa”; “re-lesionamento” - quando retorna muito cedo; orgulho exagerado nas realizações; insistência em queixas físicas menores; culpa por desapontar a equipe; afastamento de pessoas significativas; mudanças bruscas de humor; sentimento de impotência e frustração “não importa o esforço que faço não vou melhorar!”.
Os fatores psicológicos geralmente influenciam na incidência, nas respostas e na recuperação de lesões. Em geral o psicólogo irá atuar junto ao atleta com práticas de ensino e treinamento mental, que devem ajudar a prevenir o início de lesões, bem como o processo de controle da lesão (quando estas ocorrerem) e oferecer apoio psicológico para facilitar sua recuperação.
As bases psicológicas da reabilitação de lesões devem incluir um contato pessoal e individual com o esportista lesionado, onde deverá ocorrer uma instrução sobre o motivo/causa de sua lesão e de todo o processo de recuperação. O atleta deverá estar sempre a par de toda a verdade sobre seu problema. Isso deverá ser feito por todos os profissionais da saúde envolvidos em sua recuperação (médicos, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas). No caso do psicólogo, a partir deste momento, ele irá ensinar ao atleta técnicas psicológicas específicas de controle, como o estabelecimento de metas, técnicas de relaxamento e mentalizações (isso inclui por ex., técnicas motivacionais, de autoconfiança, de concentração, de redução da ansiedade entre outras), visando prepará-lo para lidar com os avanços e possíveis retrocessos no processo da reabilitação. É muito importante também neste momento incentivar o apoio emocional que pode ser promovido pelos familiares, amigos, e pelos próprios treinadores, para que o atleta não se sinta só e não desanime em sua recuperação.
Abaixo algumas recomendações feitas por esquiadores profissionais, (membros de uma equipe de esqui norte-americana que sofreram lesões no final da temporada), para atletas lesionados:
1) Interprete corretamente os sinais e o ritmo de seu corpo;
2) Aceite e lide positivamente com a situação;
3) Concentre-se em treinamento de qualidade;
4) Respeite seus limites e estabeleça metas palpáveis;
5) Procure e use todos os recursos médicos disponíveis e procure por aqueles com quem sinta empatia e confiança;
6) Treine habilidades mentais – autocontrole, autoconfiança, motivação;
7) Inicie/mantenha uma atmosfera de envolvimento competitivo.
Daniela Arroyo Esquivel – Psicóloga – CRP. 06/64.284
-Especialista em Psicologia do Esporte pela Associação Paulista de Psicologia do Esporte
-Mestre e Doutoranda em Psiquiatria e Saúde Mental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM)
Referências bibliográficas:
Becker Jr, B.; Samulski, D. Manual do Treinamento Psicológico para o Esporte. Feevale, 1998.
Becker Jr, B Manual de Psicologia do Esporte e do Exercício, Feevale, 1999.
Becker Jr, B Manual de Psicologia aplicada à Criança no Esporte. Feevale, 2000.
Cozac, J R L Psicologia do Esporte: Clínica, alta performance e atividade física. São Paulo: Annablume, 2004.
Franco, G. S. Psicologia no Esporte e na Atividade Física. Manole, 2000.
Weinberg, R,; Gould, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. São Paulo: Artmed, 2001.